sábado, 9 de maio de 2009

NAVALHAS DA GLÓRIA


NAVALHAS DA GLÓRIA

Paulo disse que deveríamos nos gloriar na esperança da glória de Deus, e, também, nas próprias tribulações, sabendo nós do bem, do poder de forjamento e de produtividade espiritual e de caráter de fé, que o triturador de vaidades e de falsas importâncias que a tribulação/provação gera como beneficio para o ser.
De fato Paulo estava nos apresentando a experiência das navalhas da glória.
O forjamento de um ser humano glorioso, em um mundo de ilusões, só pode ser feito [sem o poder da amargura filosófica], pela via das navalhas da glória, que são as tribulações desmontadoras das fábricas de ilusões; e que apenas adocicam o ser e o iluminam com a alegria da verdade/realidade, no caso de ele interpretar tudo como obra do Escultor; embora, ele mesmo, o homem, precise se oferecer, em amor, como matéria para o esculpir; visto que, no processo existencial, o homem não seja inanimado, e, por isto, tenha que ser matéria viva e auto-ofertante ao Escultor — como se a pedra ou a madeira dissessem ao Escultor: Eis-me aqui. Me esculpe. Ofereço-me... Mudo de posição. Mudo de textura. Mudo conforme Seu desejo. Tu és o Escultor [ou Tapeceiro]. Eu sou uma matéria parceira da transformação e na arte do Teu amo;, e o faço deliberadamente, cada dia mais.
As navalhas da glória são feitas de sabedorias divinas aplicadas a circunstancia do homem, somadas o que, no homem, pela Graça Livre e pela Graça da decisão na Graça feita pelo homem — formem um termo/único de poder mutante; e que não comporta o dualismo Escultor ou Escultura Sujeita de seu próprio destino; tanto quanto não comporta o problema: Tapeceiro ou Parceiro.
Não! Tudo provém de Deus. Porém, a provisão de Deus é que o Tapeceiro conte com a Parceria do homem no ofertamento de si mesmo como parceiro e cooperador de Deus no trabalho de sua caminhada de glória em glória.
Não existe este dilema. Somente existe em quem pensa a vida com categorias fixas; tipo: se Deus é o tapeceiro, então eu sou um tapete inerte; ou, então: se Deus é o Escultor, então, eu sou um escultura inerte; sempre a espera do desejo Dele, de esculpir...
Mas não é assim no Evangelho.
Deus é vivo; e a oferta é viva também...
Este é o culto racional:
A entrega do homem vivo ao Deus vivo — por amor; aceitando o que não entende ainda; e assumindo conscientemente tudo o que já entende; fazendo-se, de um lado, obra e feitura de Deus, e, de outro lado, oferecendo-se como sujeito deliberadamente ativo na disposição de cooperar com Deus, andando conforme a Vontade revelada de Deus.
Enquanto a gente não aprende isto pela experiência das navalhas da glória, da esperança da glória eterna vivida na ambigüidade da dor e da tribulação, no máximo a pessoa aceita isto como um bom argumento a ser usado na ajuda aos que estejam com tal problema ou conflito.
Antes das navalhadas da glória tudo isto é apenas estoicismo ensinado com máscara cristã. Seria uma espécie de Zen Fé Cristã.
O caminho da glória, portanto, segundo Jesus, Paulo e todos os apóstolos — é a vereda estreita da glória forjada como navalhada na existência.
No fim cada cicatriz fica romântica, cada ferida se torna poesia, toda dor converte-se em canção de ninar, e toda perda se torna o maior lucro.
No fim, cada marca é de Cristo em nós.
Alguém quer ainda discutir o processo?...

Nele, que nos navalha para a glória,

Caio

Apascentando Ovelhas ou Entretendo Bodes?



Um mal está no declarado campo do Senhor, tão grosseiro em seu descaramento, que até o mais míope dificilmente deixaria de notá-lo durante os últimos anos. Ele se tem desenvolvido em um ritmo anormal, mesmo para o mal. Ele tem agido como fermento até que toda a massa levede. O demônio raramente fez algo tão engenhoso quanto sugerir à Igreja que parte de sua missão é prover entretenimento para as pessoas, com vistas a ganhá-las.
Da pregação em alta voz, como faziam os Puritanos, a Igreja gradualmente baixou o tom de seu testemunho, e então tolerou e desculpou as frivolidades da época. Em seguida ela as tolerou dentro de suas fronteiras. Agora as adotou sob o argumento de atingir as massas.
Meu primeiro argumento é que prover entretenimento para as pessoas não está dito em parte nenhuma das Escrituras como sendo uma função da Igreja. Se este é um trabalho Cristão, porque Cristo não falou dele? "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." (Marcos 16:15). Isto está suficientemente claro. Assim teria sido se Ele tivesse adicionado "e proporcionem divertimento para aqueles que não tem prazer no evangelho." Nenhuma destas palavras, contudo, são encontradas. Não parecem ter-lhe ocorrido.
Então novamente, "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores... para a obra do ministério" (Efésios 4:11-12). Onde entram os animadores? O Espírito Santo silencia no que diz respeito a eles. Foram os profetas perseguidos porque divertiram o povo ou porque o rejeitaram? Em concerto musical não há lista de mártires.
Além disto, prover divertimento está em direto antagonismo com o ensino e a vida de Cristo e de todos os seus apóstolos. Qual foi a atitude da Igreja quanto ao mundo? "Vós sois o sal" (Mateus 5:13), não o doce açucarado - algo que o mundo irá cuspir e não engolir. Curta e severa foi a expressão: "deixa os mortos sepultar os seus mortos." (Mateus 8:22) Ele foi de uma tremenda seriedade.
Se Cristo introduzisse mais brilho e elementos agradáveis em Sua missão, ele teria sido mais popular quando O abandonaram por causa da natureza inquiridora de Seus ensinos. Eu não O ouvi dizer: "Corra atrás destas pessoas, Pedro, e diga-lhes que nós teremos um estilo diferente de culto amanhã, um pouco mais curto e atraente, com pouca pregação. Nós teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que certamente se agradarão. Seja rápido Pedro, nós devemos ganhar estas pessoas de qualquer forma." Jesus se compadeceu dos pecadores, suspirou e chorou por eles, mas nunca procurou entretê-los.
Em vão serão examinadas as Epístolas para se encontrar qualquer traço deste evangelho de entretenimento! A mensagem delas é: "Saia, afaste-se, mantenha-se afastado!" É patente a ausência de qualquer coisa que se aproxime de uma brincadeira. Eles tinham ilimitada confiança no evangelho e não empregavam outra arma.
Após Pedro e João terem sido presos por pregar o evangelho, a Igreja teve uma reunião de oração, mas eles não oraram: "Senhor conceda aos teus servos que através de um uso inteligente e perspicaz de inocente recreação possamos mostrar a estas pessoas quão felizes nós somos." Se não cessaram de pregar a Cristo, não tiveram tempo para arranjar entretenimentos. Dispersos pela perseguição, foram por todos lugares pregando o evangelho. Eles colocaram o mundo de cabeça para baixo (Atos 17:6). Esta é a única diferença! Senhor, limpe a Igreja de toda podridão e refugo que o diabo lhe tem imposto, e traga-nos de volta aos métodos apostólicos.
Finalmente, a missão de entretenimento falha em realizar os fins desejados. Ela produz destruição entre os novos convertidos. Permita que os negligentes e escarnecedores, que agradecem a Deus pela Igreja os terem encontrado no meio do caminho, falem e testifiquem. Permita que os oprimidos que encontraram paz através de um concerto musical não silenciem! Permita que o bêbado para quem o entretenimento dramático foi um elo no processo de conversão, se levante! Ninguém irá responder. A missão de entretenimento não produz convertidos. A necessidade imediata para o ministério dos dias de hoje é crer na sabedoria combinada à verdadeira espiritualidade, uma brotando da outra como os frutos da raiz. A necessidade é de doutrina bíblica, de tal forma entendida e sentida, que coloque os homens em fogo.
Spurgeon